segunda-feira, 24 de março de 2014

Análise: J.R.R. TOLKIEN, O Senhor da Fantasia


Um livro inteiro contendo relatos a respeito da vida do homem que, com sua mente e personalidade únicas e admiráveis, trouxe à existência toda uma mitologia com poder de cativar e confortar, de trazer significado, de nos transformar em observadores do que antes não podíamos ver. O homem que fundou a Terra-Média, ou melhor, o Hobbit que a fundou! Não me restam dúvidas de que Tolkien seja "um hobbit-Viciante!"

A proposta do livro em si já é mais que um simples e informal convite aos admiradores da fantasia, da literatura épica ou da obra em si. É uma convocação. Mas, como não posso deixar de expressar, o trabalho (de fã e profissional) do premiado Michael White, autor dessa biografia, é o que podemos descrever com uma única palavra, "paixão".

Michael, que conheceu e se apaixonou pela Terra-Média em sua adolescência, no período estudantil, recebeu e aceitou a incumbência de nos trazer relatos da vida do Tolkien, desde seu nascimento até a sua morte (se é que podemos afirmar que ele está realmente morto). E ele o faz com maestrina, nos mostrando por meio de sua escrita sucinta, imparcial (é onde entra o profissionalismo) e honesta, os rastros de Tolkien enquanto em vida, seu caráter e tásticos caminhos que o levaram até a Terra-Média e a Jornada do Anel, que ecoa e continuará ecoando por gerações.

Um dos aspectos da prática da leitura que me faz estimá-la tanto é a capacidade que ela possui de expandir nossa visão de mundo, aumentar nossas perspectivas à níveis que sequer cogitávamos. Não foi diferente com o livro do Michael, por meio do qual podemos ter uma boa noção dos processos que geraram a Terra-Média e sua mitologia tal qual a temos hoje o que para mim foi uma genuína dádiva. A ligação entre O Senhor dos Anéis e o Silmarillion, a publicação de O Hobbit e a total ignorância de Tolkien quanto ao que viria a ser seu grande sucesso uma década depois e o fato de Tolkien ter levado mais de uma década para concluir a Saga do Anel (tão importante era para ele que ela fosse perfeita), os aspectos da vida e experiências do autor presentes na obra, a recepção da mesma diante de um público que havia acabado de vivenciar a guerra, curiosidades sobre os personagens e o mundo criado por Tolkien... todos esses elementos e ainda muitos outros fez a minha admiração pela obra do Tolkien avançar muitos degraus.

As descrições e afirmações que Michael faz a respeito do quanto a Terra-Média era essencial, indispensável e necessária para Tolkien, estão entre as descobertas que mais mexeram com o leitor e admirador que há em mim. Quando lemos O Senhor dos Anéis, estamos entrando em um espaço íntimo do autor, em um mundo que ele criou para que ele mesmo pudesse habitar, uma verdadeira forma de escapar de um século que ele não admirava. Pessoalmente, tal qual a Tolkien, é esse um dos aspectos da fantasia  e da ficção em geral que me agrada: o poder de nos transportar à outros lugares e "realidades" sem nos tirar propriamente do lugar.

Para mim, toda revelação demonstrou ser um privilégio, uma foma de estar em contato com o homem que contribuiu grandemente para a formação de minhas aspirações, meu modo de pensar, para a literatura fantástica de forma inegável e grandiosa. Ler a biografia do Tolkien foi como observar pela janela de um trem invisível e em constante movimento os melhores e piores momentos de sua vida, uma viagem em que o destino foi sua infância, adolescência, vida acadêmica, perdas, pobreza, sofrimentos, alegrias, conquistas, inspirações, seu caráter admirável e suas mente de uma perspicácia invejável.

Em todo esse percurso, o que mais me deixou admirado foi o caráter simplista que reinou sobre sua vida e personalidade, o modo como lhe dava com um mundo em constantes processos de transformação, um mundo instável em que a guerra e seus horrores são possibilidades sempre presentes. O modo como lidava com as pessoas, como encarava alguns aspectos da sociedade (que estão registrados, muitos inconscientemente, na Jornada do Anel para o leitor mais atento).

Não poderia deixar de mencionar o impecável trabalho feito pela EDITORA DARKSIDE. Capa, diagramação (incluindo arabescos que remetem à Terra-Média) e revisão estão ótimos, com todas as devidas Notas de Tradução inseridas, além de ótimas fotografias que nos trazem nosso amado autor-hobbit e os lugares em que viveu.

Acredito que "J.R.R. TOLKIEN, O Senhor da Fantasia" é uma leitura obrigatória para todos os que admiram as obras de Tolkien e todos os que apreciam e reverenciam o gênero fantástico, do qual, acredito, Tolkien sempre será Senhor.

Por Henrique Magalhães

Um comentário:

  1. Ois Henrique,

    Inegável que Tolkien é o mestre da fantasia e o que ele criou e bem dito, partindo do Hobitt foi sem duvida algo fantástico e que inspirou muitos escritores, que colocou muita gente a olhar a fantasia de outra maneira, sem duvida o Pelé do futebol.

    Para mim, apenas tive conhecimento dos seus livros graças ao Peter Jackson, pois era desconhecido para mim e devo dizer que embora ache EXTRAORDINÁRIO o seu universo, considero algo descritivo, mas em nada belisca o seu trabalho como é obvio.

    Achei o Hobitt, mais juvenil mas menos descritivo e por estranho que pareça por exemplo Robert Jordan, que vai beber no inicio da saga muito a Tolkien e posteiormente a Frank Herbert em Duna, descritivo mas que gosto, é estranho mas considero o Senhor dos Aneis descritivo, ainda me lembro na parte onde, na cidade dos elfos, quem iria levar o anel a Mordor que primeiro que avança-se foi muito maçudo :D

    Bem mas antes que seja esfolado, acho que deve ser uma leitura bem agradável, pode ajudar a entender ainda melhor a obra do Tolkien, logo de leitura obrigatória ;)

    Nunca é demais divulgarmos o trabalho de Tolkien :)

    Abraço e boas leituras

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