sábado, 19 de dezembro de 2015

Resenha: The Magicians - Unauthorized Magic (PILOTO)

   Okay respira, Henri!. Vamos lá!

   Acabo de assistir ao piloto de The Magicians e (um enfático“e”!), a impressão que tenho é a de que eu poderia me acomodar confortavelmente em uma poltrona, tendo ao lado uma jarra de suco detesto chá, e discorrer longas horas de considerações acerca dos 30 segundos iniciais da série. Dos 30 FUCKING!! segundos iniciais! Okay, o suco teria que ser de maracujá.

   Notem que vou precisar resistir ao impulso de me debruçar indefinidamente acerca do quão significativas foram as cenas de abertura. Mas permitam-me puxar um pouco da corda desse quilométrico rolo de barbante que é a abertura da série. Para não me demorar em descrições, selecionei algumas imagens e as distribuí abaixo na ordem em que surgem no piloto bendito print screen.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Resenha: A Salvo de Nada, de Olivier Adam



Marie é a personagem que protagoniza o romance escrito pelo francês Olivier Adam. É através da narrativa em primeira pessoa que veremos todos os cenários e acontecimentos que compõem a história que Marie tem para contar. Caminharemos por sua mente, conhecendo profundamente suas lembranças, reflexões, emoções e desejos. A mente de uma dona de casa desempregada e mãe de duas crianças - Lise e Lucas -,  imersa em uma rotina que a sufoca e a angustia. Uma personagem cuja companhia tende a ser, para o leitor, crescentemente desconfortável, incômoda, ao lado da qual não será tão fácil andar.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A Leitura e seu Poder de Simulação






"No fim não teremos apenas envelhecido, mas acrescentado vida aos nossos anos."

Mesmo sendo seres excepcionais, os humanos possuem ainda muitas limitações, em diversas áreas. Mas uma das características que nos tornam tão admiráveis é que estamos sempre tentando, de um modo ou de outro, superar essas limitações. Atualmente podemos nos locomover de um continente à outro em poucas horas ou mesmo em minutos. Voando. Sem necessidade escrever uma carta e aguardar dias ou semanas para que chegue ao destino, podemos transmitir nossa mensagem a um indivíduo que esteja do outro lado da cidade ou mesmo do outro lado do mundo. Uma ligação, algumas palavras digitadas em um aparelho celular e pronto, contato realizado com sucesso! Mas nem tudo são flores, por isso, vamos agora aos espinhos.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Resenha: Oficina de Escritores: Um Manual Para a Arte da Ficção



Ao concluir a primeira leitura de Oficina de Escritores, voltei à primeira página e dei início a leitura novamente, realizando inúmeras marcações e anotações. Acredito que esse desejo de reler o livro irá assaltar a todos os que esperam um dia publicar seu primeiro livro, seguindo a carreira como escritores. Em especial, aqueles que desejam dar à seus futuros leitores uma história digna de sua apreciação, tempo e dinheiro. Stephen Koch, que durante vinte anos ensinou a arte da ficção na School of Arts da Columbia, disseca com entusiasmo, paixão e com medida certa de profissionalismo, diversos processos da escrita. Mesmo os leitores que não desejam seguir o ofício de escritores encontrarão nas páginas deste livro a dose suficiente de empolgação, que parece escapar das páginas qual carga elétrica.


Estou certo de que você encontrará bons motivos para deixar para amanhã, mas duvido muito que haja grande mérito em algum deles. [pág 2]

Antes de mais nada, tenha em mente que escrever é um ofício, uma profissão. Ou você realiza um bom trabalho ou faz um trabalho ruim, tudo dependerá do seu empenho em dominar as habilidades por da escrita.

Para começar, só a leitura nos treina a usar corretamente as palavras. Isso não é uma coisa qualque: a falta de correção implica falta de comunicação. Se você empregar mal a língua as pessoas não o entenderão. É preciso saber exatamente o que as palavras significam e como empregá-las. [pág. 55]

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

001# NA SUPERFÍCIE DA BOLHA: A Morte dos Leitores na Era dos Smartphones

Texto de 1 minuto



Sua mente tornou-se um produto que está sendo comprado para consumir apenas Facebook, Whatsapp, Instagram, Twitter, reality shows, virais da internet, youtube, fotografias, notícias, programas de TV, smartphones e seus milhares de aplicativos.
Seu celular está sempre em seu campo de visão, ao seu alcance. Bateria descarregada é sinônimo de um dia perdido.

É o tempo da multitarefa. E daí se pesquisas afirmam insistentemente que falar ao telefone enquanto responde aos amigos no bate papo, vê um clipe no youtube e consome uma quantidade absurda de informações está alterando a estrutura de seu cérebro e minando sua capacidade de concentração e atenção. Afinal, essas são moedas em desuso, desvalorizadas.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Por não conseguir ler, só pôde voltar para casa 25 anos depois


1982. Jaeyaena Beuraheng, uma muçulmana com 51 anos, nascida na Malásia, ingressa em um ônibus com o propósito de chegar à Narathiwat, uma província no sul da Tailândia. Com todos os passageiros devidamente instalados, a condução parte em direção ao seu destino. O que Jaeyeaena não sabe (e como poderia?) é que, ao desembarcar do coletivo, permanecerá longe de casa durante 25 anos, perdida e solitária, longe de todos os que a amam, de todos os rostos que ela conhece, sem ninguém para conversar, ninguém que a conseguisse entender. Uma estranha numa terra estranha. Durante cinco anos viverá como mendiga até ser levada para um abrigo para moradores de rua. Quando enfim conseguir encontrar o caminho de volta para casa, Jaeyaena terá 76 anos, aqueles que um dia vira pequeninos serão então adultos e terão suas próprias famílias e muitos de seus amigos já não estarão entre os vivos, tragados pela morte, que vem para todos a seu tempo. Tudo isso por haver embarcado no ônibus errado.

Jaeyaena hoje vive com sua família em Dusongyo, uma aldeia na província de Narathiwat.

O que a história de Jaeyaena tem a dizer sobre livros, sobre a leitura e sobre a importância de ambos? Por estranho que possa parecer, há bastante coisa, isso por que de modo geral, a vida não é muito diferente de ingressar em um coletivo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Resenha: O Zen e a Arte da Escrita, de Ray Bradbury




Livros que falam sobre os livros, sobre a leitura ou sobre a escrita são sempre como energéticos para mim. Eles potencializam e fundamentam o senso que tenho em relação a importância dos livros e da leitura nos diversos aspectos da minha vida e na sociedade humana como um todo. Sempre que leio tais livros, me ergo ao final da leitura como um leitor que bebeu da fonte da juventude com a certeza de que pode muito bem ler ainda outros milhares.

HUMANIDADE COMPARTILHADA

Há tanto que já foi dito sobre os livros e ainda há muito mais a ser dito, desvendado, descoberto, explanado, analisado, estudado, comparado, concluído, catalogado, reformulado, ensaiado, romanceado... Livros são tão individuais e únicos como o é cada ser humano, um mesmo organismo repleto de particularidades. Nenhum é igual ao outro, todos detentores de impressões digitais distintas. Carregar consigo um livro é como carregar parte de outro ser humano, uma parte compartilhada para ser compartilhada. Olhamos pelos olhos de outros, passeamos por sua mente, visitamos outros pontos de vistas, outras sensações, outras alegrias, outras dores, outros mundos. Quando lemos um livro, praticamos uma das modalidades da arte de ouvir, a arte de parar para escutar, para aprender, para entender, para conhecer. Quando escrevemos, deixamos correr pelo sangue, através de veias e artérias, até alcançar nossos dedos, aquilo que está oculto aos outros e, muitas vezes, oculto à nós mesmos.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Análise: Um Cântico Para Leibowitz, de Walter M. Miller Jr.


Um livro com muitas passagens de notável poder.

Um oceano personificado em livro. Um mergulho em queda livre a um futuro caótico ao qual estamos fadados. Um retrato da natureza humana, com ênfase na  Teoria da História Cíclica, que determina que forças como a religião/espiritualismo, filosofia, moral, política e ciência, determinam as ações humanas, guiando-nos sempre a um ciclo de eventos.


+ Sobre a Obra

Um Cântico para Leibowitz é considerado um clássico da ficção científica e obra prima do autor. Aclamado pela crítica, atraindo respostas de jornais e revistas normalmente desatentos à ficção científica. Recebeu o Prêmio Hugo, como melhor romance de ficção científica de 1960. Atual e sempre presente no mercado literário, é considerado o melhor romance escrito sobre apocalipse nuclear.

Após ter sido quase aniquilada por um holocausto nuclear, a humanidade mergulha em desolação e obscurantismo. Os anos de loucura e violência que se seguiram ao Dilúvio de Fogo arrasaram o conhecimento acumulado por milênios. A ciência, causadora de todos os males, só encontrará abrigo na Ordem Albertina de São Leibowitz, cujos monges se dedicam a recolher e preservar os vestígios de uma cultura agora esquecida. Seiscentos anos depois da catástrofe, na aridez do deserto de Utah, o inusitado encontro de um jovem noviço com um velho peregrino guarda uma surpreendente descoberta, um elo frágil com o século 20. Cobrindo mil e oitocentos anos de história futura, "Um cântico para Leibowitz" narra a perturbadora epopeia de uma ordem religiosa para salvar o saber humano. 
+ Análise

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Análise: O Homem Pintado, de Peter V. Brett [SEM spoiler]




Obs.: No Brasil o livro tem o título O Protegido. — Sobre carroças atoladas e barris de vinho 

 [Sobre carroças atoladas e barris de vinho]

Peter V. Brett nos transmite a sensação de que escrever é um trabalho tão árduo quanto tentar desatolar uma carroça carregada com meia dúzia de barris cheios de vinho usando apenas a força dos braços. Ou você encontra uma maneira de tirar a carroça da lama (algo como tirar uma história de toda bagunça de ideias) ou você lamentará sua vida inteira pelo vinho deixado exposto ao sol ou à chuva, pelo prazer não compartilhado.

Penso que assim se sentem esses grandes escritores, como João Ubaldo Ribeiro (O Sorriso do Lagarto) , Stephen King (A Dança da Morte), George Martin (As Crônicas de Gelo e Fogo), Tolkien (O Hobbit), Marion Zimmer Bradley (As Brumas de Avalon), Lauren Beukes (Iluminadas), Julio Verne (Vinte Mil Léguas Submarinas), entre tantos outros. Sentem-se como se, enfim, houvessem removido a carroça da lama e depositado o vinho em seu devido lugar. Eu, de minha parte tenho minhas safras inebriantes de Tolkien, Rowling, Shakespeare, e outros ainda por experimentar.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Resenha: Os Deixados para Trás, de Tom Perrotta




Depois de assistir ao piloto da série televisiva The Leftovers, baseada na obra escrita por Tom Perrota (Os deixados para trás), mais conhecido no Brasil pelo livro A Professora de Abstinência (Benvirá), decidi ler o livro antes de seguir vendo a série. O livro já estava em minha lista interminável de leituras e inesperadamente assumiu a linha de frente. O devorei em algumas sentadas.

O Arrebatamento está longe de ser o tema central em Os Deixados para Trás, pelo contrário, os efeitos devastadores de um fenômeno inexplicável que, repentina e subitamente, sobrevêm às sociedades humanas, assim como a reação de cada indivíduo a esse evento são o foco da narrativa de Tom Perrotta e é o que o autor tem de melhor para nos oferecer. É imprescindível que o leitor tenha isso em mente. O teor sobrenatural reside apenas no desaparecimento indiscriminado de indivíduos em um 14 de outubro qualquer, um evento que desencadeia nos Deixados para Trás uma série de sentimentos e emoções que os levam a atitudes que nos fazem pensar no quão despreparados estamos para lidar com situações inexplicáveis e repentina, seja em nossa vida pessoal ou em sociedade.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Análise: Os Magos, de Lev Grossman

Os Magos é uma história sobre a efemeridade da felicidade, sobre a qualidade fugaz da mesma e em muitos momentos sobre a negação da sua existência, passando a ser vista como um ideal não alcançável.


Uma homenagem à fantasia e um cântico gótico à falta de sentido do viver.

A sensação que tenho em relação à Os Magos é a de que ele foi escrito para um grupo seleto de pessoas ao redor do mundo. Um grupo composto por indivíduos que descobrem, a cada dia, a cada experiência, que a felicidade é uma impossibilidade quando se vive em um mundo de metal e concreto. Cinzento. Pessoas que encontram na leitura uma realidade paralela para compreender um mundo que já existiu e sobreviver ao que ele se tornou. 

Este livro se tornou um dos achados mais importantes do início de minha vida adulta. Desde o início de 2012, quando o encontrei solitário em uma prateleira na livraria, o li por três vezes e, só agora, após lê-lo pela terceira vez, me senti motivado a falar sobre ele.

*Algumas notas

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Análise: A arte de ler ou como resistir à adversidade, de Michèle Petit

"Quando leio, ponho o dedo na ferida e no luto como se toca com mãos nuas a corrente elétrica, entretanto, não morro. Não chego a captar como se opera esse milagre."


Recentemente me propus a ler alguns livros sobre livros, que possuam como tema principal a leitura, os leitores, a literatura, a escrita e/ou os livros. A arte de ler ou como resistir à adversidade foi a segunda leitura concluída desse meu projeto e o primeiro que irei esboçar em análise aqui. Ele veio para fazer exatamente o que espero desse projeto: potencializar meu amor pelos livros e pela leitura e alimentar meu cabedal de conhecimentos nessa área, me dando material mais que suficiente para entender a abrangência dessa poderosa atividade que é a leitura e desfrutar o máximo de minhas leituras.

Os relatos contidos nessa obra são emocionantes e chocantes, tendo o poder primordial de aproximar as pessoas não apenas da leitura, mas uma das outras. As abordagens feitas pela autora me lançaram de cabeça em realidades caóticas vivenciadas por pessoas marginalizadas e traumatizadas pela adversidade, e que encontraram na leitura um sopro de vida.

Sobre a Obra

"Fazemos uso dos livros da mesma forma que um caracol faz uso do rastro que deixa quando vaga, para não danificar o corpo, para não inutilizar a mente."

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Ler te Torna Superior aos Outros?


Para responder ao questionamento título do post, vou recorrer à uma comparação bastante apropriada. Considere o seguinte:

O indivíduo que pratica exercícios físicos dentro das medidas saudáveis (sem excessos), com regularidade, está em uma posição potencialmente vantajosa em relação ao indivíduo que não prática exercícios ou que pratica sem se preocupar em conferir suas limitações por meio, por exemplo, do auxílio de um profissional. Essa vantagem reside nos benefícios que seguem a prática de exercícios, como resistência física, potencialização do sistema imunológico, redução dos riscos de doenças cardíacas, maior disposição para realizar atividades do dia-a-dia, dentre tantos outros benefícios. Já a desvantagem do indivíduo que não pratica exercícios ou que o faz de forma indevida, reside nos inversos dos benefícios apresentados, como alto risco de doenças cardíacas, maior tendência a obesidade, fragilidade imunológica, dentre uma série de outros fatores.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Análise: Red Ridding – 1974 (Livro I), de David Peace [SEM SPOILERS]


1974 Red Ridding  é um retrato hediondo e hiper-realista do que há de pior na humanidade. É um choque de realidade tão potente e devastador, que me leva a deixar a seguinte nota: Leia apenas se estiver preparado(a) para percorrer uma das vertentes do lado mais perverso, ambicioso e depravado dos seres humanos. Bem escrito, original, complexo, personagens bem estruturados, marcante, frenético, aterrador, tenso de um modo crescente. É um livro que não vai deixar você sair da mesma forma que estava quando entrou. Está entre os melhores livros que li esse ano.

*Sinopse ao fim do post.

Análise

Bem Escrito: Parte da narrativa é feita em tempo real (gerúndio), acompanhamos os personagens no momento em que suas ações ou pensamentos estão ocorrendo. Outra parte ocorre no pretérito perfeito. David Peace brinca com as palavras sem fazer uso de vocabulário rebuscado. Neste livro, sua escrita fluida é bastante influenciada pela personalidade do protagonista, afinal, estamos lendo as perspectivas de Dunfford, um repórter adulto, com seus próprios problemas pessoais e a ambição de ser reconhecido nacionalmente e que se embrenha em um caso que se mostra ser muito mais abrangente e abjeto do que aparenta. O que começa com o desaparecimento de uma garota de 10 anos se transforma num inferno cada vez mais quente, cada vez mais aterrador.

sábado, 10 de maio de 2014

Anáise: O Substituto, de Brenna Yovanoff

Pode parecer ridículo, mas agora que concluí a leitura de O Substituto, senti um pouco de pesar  por meu 'eu' adolescente não ter tido a oportunidade de ler esse livro. Ele iria adorar mais intensamente do que eu essa fantasia urbana.

Sobre a Obra

Há 16 anos Mackie foi trocado por um bebê humano, deixado para viver na cidade de Genty, com a família Doyle, que faz todo o possível para não atraírem atenção indesejada para a peculiar criança lhes foi deixada.

Mackie agora é um adolescente que se esforça para disfarçar suas singularidades, como a repulsa patológica ao ferro, sangue e lugares sagrados. Ele não é a primeira e nem a última criança trocada na cidade de Gentry, onde a cada sete anos um sacrifício de sangue é realizado na presença das criaturas que vivem nos túneis da cidade, onde há profundas poças de água negra e criaturas que definitivamente não são humanas.

Há muitos segredos na cidade, todos tem sua cota de coisas escondidas. Mas, segredos não ficam ocultos para sempre e alguns são tão potentes quanto furações, tirando tudo do lugar, removendo todos do seu aqui e agora.

Análise

+ Um resumo técnico: prós e contras

Brenna Yovanoff escreve livros de ficção especulativa e destinados de  à jovens-adultos. Esse foi o meu primeiro contato com a autora e, sem dúvida, vou ler outros de seus trabalhos.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Análise: Um Estranho Numa Terra Estranha, de Robert A. Heinlein

Aqueles que morreram na década de 60 e conheceram esta obra, passaram bem perto de perder um fenômeno. Um Estranho Numa Terra Estranha é um dos mais importantes livros de ficção científica e fantasia que já tive o prazer de ler. Um livro para jamais esquecer.
*Além de ser um daqueles que te impulsionam a fazer dezenas de dezenas de marcações!

Em 2012 o livro foi nomeado como um dos 88 livros que moldaram a América.

Recebeu o prêmio Hugo Award de Melhor Novela do ano em que foi publicado.

Promovido em diversas edições como "o mais famoso romance de ficção científica".

O livro, que levou mais de uma década para ser concluído, é considerado a obra prima do autor que, por sua vez, foi considerado um dos autores de ficção científica mais influentes de sua época e um dos mais vendidos. Ele teve quatro de seus romances premiados com o Hugo, um número que jamais foi igualado!

Sobre a Obra

Um Estranho Numa Terra Estranha conta a história de Valentine Michael Smith, um humano que vem à Terra no início da idade adulta após ter nascido no planeta Marte e haver sido criado pelos habitantes do planeta, os marcianos. O romance explora sua interação com  e eventual transformação da  cultura-terrestre

Um Estranho Numa Terra Estranha e sua aplicação na vida real

+ Sobre a importância de "vivermos em Marte"

Valentine Michael Smith nasceu e viveu em Marte até o início de sua fase adulta. Durante sua estadia no planeta vermelho, foi criado, educado e tratado como um marciano. Seus pensamentos e percepções estavam inteiramente baseados nos padrões marcianos.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Análise: O Pacto, de Joe Hill

Nessas horas, ser um diabo seria a melhor opção. Não importa o que você faça, as pessoas sabem que faz parte da sua natureza e todas estão suscetíveis ao erro.

SEM SPOILERS

Sobre a Obra

No original Horns (Chifres), O Pacto (2010) é o segundo romance escrito por Joe Hill e seu terceiro livro. O livro recebeu uma quantidade invejável de prêmios e e boas críticas. A história une terror, fantasia, drama e literatura policial. O livro nos  fala de Ignatius, que utiliza a influência que seus dois chifres recém adquiridos exercem sobre as pessoas para solucionar um crime que destruiu a sua vida e culminou na morte de sua namorada.

Uma adaptação cinematográfica estava prevista para o ano passado (2013), no entanto algumas complicações envolvendo os recursos para a produção de efeitos especiais impossibilitou a conclusão do trabalho e até o momento não possui data prevista. Daniel Radcliffe (mais conhecido por interpretar o personagem Harry Potter) possui o papel principal.

ANÁLISE

+ TRAMA

Para quem pretende ler ou está considerando a possibilidade de ler O Pacto, acredito que esses pontos que irei abordar sobre a trama sejam úteis para esclarecer ou ajudar na decisão.

Em parte, O Pacto segue a estrutura de um bildungsroman (ou romance de formação), por isso teremos uma abordagem dos personagens centrais que irá expor o desenvolvimento dos mesmos em algumas fases da vida, como infância, adolescência e vida adulta, abordando o desenvolvimento estético, psicológico, político, profissional, entre outros. No livro, isso não ocorre de forma linear. Somos apresentados à personagens já adultos e, durante a narrativa, tomamos conhecimentos de eventos passados, que possuem ligação com os eventos posteriores. 
Algumas pessoas podem se sentir incomodadas com a forma como o autor resolveu distribuir essas abordagens e sobre isso falarei mais adiante.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Análise:Iluminadas, de Lauren Beukes

Se eu acreditasse em demônios, Iluminadas estaria entre os livros mais satânicos que li em minha vida, e não foram poucos. Se eu acreditasse no diabo, Lauren Beukes seria seu sobrenome.


SEM SPOLERS

Acredito que se queremos nos referir a algo irreal, podemos recorrer a diversos conceitos, dentre eles, o de "perfeição". Perfeição é uma invenção inalcançável quando estamos falando da vida real, do mundo real. No entanto, Lauren Beukes chegou perigosamente perto do que é pleno.

Enquanto escrevo esta resenha, preciso dominar o impulso de impregnar essa análise de adjetivos. Um pouco constrangido, confesso que esse livro me fez puxar os cabelos meia dúzia de vezes e estagnar a leitura o dobro de vezes, receoso de ler o que viria em seguida ou por estar estupefato com o que essa mulher criou: um livro, acima de tudo, inteligente, com uma complexidade diabólica e psicologicamente destrutivo, perturbador. Uma das melhores e mais inteligentes leituras da minha vida. Mereceu o prêmio de melhor livro do ano em seu gênero, recebi em 2013.

A imagem abaixo revela o trabalho, a dedicação e a mente por trás de The Shining Girls (título original) que, dentre outros aspectos, é um livro adulto, repleto de questões da vida adulta, da vida real, nuas e cruas.






 Uma Importante Ressalva

Alguns leitores vão encontrar dificuldades em situar-se na história, especificamente com relação ao elemento fantástico que permeia toda a história: os saltos no tempo. Eu desejo, sincera honestidade, que você não seja aquele gênero de leitor que desiste diante do primeiro obstáculo. Que transformam o "eu não estou conseguindo entender isso" em "que trapalhada é essa?". Esteja disposto a vivenciar uma experiência em literatura de fantasia diferente do status quo. Dê um passo mais adiante com a sua mente e seja bem vindo ao mundo dos livros que são como os sete diabos. E, pelo amor de Tolkien, voltem para me dizer se você também foram impulsionados a quase arrancar os cabelos!

Sobre a Obra

Não gosto de incluir sinopses em minhas resenhas. Ultimamente as resenhas tem transformados bons livros em chavões ou 'lugares-comuns' que ressaltam aspectos que não são relevantes e retiram a originalidade presente na obra. Assim, na maioria dos casos, faço minha própria adaptação e esse é um deles.

1931. Década que enfrentou a crise mundial que ficou conhecida como Grande Depressão.

Harper, um vagabundo doentio, tem uma chave que abre as portas de um casarão abandonado. A 'Casa' que o leva à outras épocas, outros tempos. Ele ouve a Casa, ela o chama. Harper tem um missão: assassinar brutalmente todas as garotas iluminadas. Sua missão e seu prazer. Ele é bom no que faz. As coisas, no entanto, começam a desandar quando, ao avançar para o ano 1989, Kirby, uma das garotas que ele deveria matar, sobrevive e começa a caçá-lo.

Aspectos da Obra a Serem Considerados

+ TRAMA

"Só existe uma certa quantidade de enredos no mundo. É como eles são desenvolvidos que os torna interessantes". - Lauren Beukes, lluminadas

Interessante não é a melhor palavra para transmitir a excelência que essa mulher conseguiu atribuir à sua história, pois sua trama não apenas 'prende' a atenção, como também a 'subjuga', fere, lacera. Quando a Casa entra em cena, sua mente fica presa dentro dela, sedenta de curiosidade,de tensão. Sair da Casa, significa presenciar a morte de garotas pelas mãos de um homem detestável e clinicamente cruel. Tudo se intensifica quando, antes de vê-las morrer, você as conhece, caminha por sua mente, segue seus passos, sabe de seus sonhos, planos, segredos e anseios. É um convite para toda sorte de emoções e sentimentos e o resultado dessa mistura é uma tortura psicológica que beira a histeria.

Lauren Beukes coloca diante de nós pessoas reais, garotas inegavelmente reais, que estão no rastro de um serial killer impiedoso, que sente prazer no ato de matar, que se excita em ferir. Garotas que não fazem ideia de que um andarilho do tempo está caminhando em suas direções.

Os capítulos (e é aqui que reside grande parte da complexidade da trama) são distribuídos sob o ponto vista de alguns personagens, na maioria dos casos envolvendo Harper ou uma de suas vítimas, dentre estas, a mais abordada é, naturalmente, Kirby. Há diversas tramas secundárias, repletas de ligações entre si e que giram em torno do círculo de assassinatos, que precisa ser fechado. Esses capítulos se passam em diversos momentos do tempo entre 1931 e 1993, repleto de referências históricas e culturais que atribuem uma grande carga de riqueza ao trabalho da Lauren.

+ ESCRITA

Um elemento que confere a consistência creep à história são seus diálogos mordazes, inteligentes e mórbidos. A escrita de Lauren evoca realidade, é direta, cheia de analogias que esbanjam sagacidade, ironia. Laurem também está ocupada em nos inserir no contexto de cada um de seus personagens, afinal de contas, uma negra que viveu na década de 40 não lida com a mesma realidade que se aplica aos anos 90.

+ ASPECTOS QUE CONSIDERO IMPORTANTES:

--O Sobrenatural--

Iluminadas é um thriller policial com escancarado toque sobrenatural, esse toque o transforma, também, em um thriller psicológico.

A Casa é o que nos possibilita transitar entre a vida de pessoas que viveram em diferentes momentos da nossa história. Sua influencia sobre Harper e os eventos que giram em torno dela nos faz sentir a influência do mal, sua mão invisível brincando com vidas dentro do tempo, mudando suas vidas, desenhando suas mortes. O elemento fantástico que permite caminhar entre as épocas, seguindo os passos de um homem que não possui escrúpulos, um homem "do mal".

A ideia de um lugar, aparentemente inofensivo, uma casa antiga e caindo aos pedaços, que exerce influencias malignas sobre um indivíduo e que o permite caminhar livremente entre as épocas quando bem entender é perturbadora. O homem que assassinou uma garota na época da Grande Depressão fez também uma vítima nas vésperas da virada do século, mais de meio século depois. Um psicopata caminhando pelo tempo nas mãos de Lauren é a última pessoa com quem você gostaria de esbarrar um dia.

--Policial--

O peso e a importância do gênero policial, investigativo está em muitas parte do livro. Temos assassinatos que, apesar de serem cometidos em diferentes momentos do tempo, possuem alguma ligação. Apesar da intervenção da polícia nesses crimes, como não conseguem solucioná-los, ou encontram a quem culpar (geralmente gangues) ou arquivam o caso. Logo, teremos personagens que, por estarem envolvidos ou apenas interessados e intrigados com os casos, irão dar uma de detetives. Esse aspecto é bastante animador para mim, pois faz referência ao desejo por justiça e a esperança que precede seu cumprimento.

+ Iluminadas e Sua Aplicação à Vida Real

À parte o seu poder devastador pela tensão e crueza, Iluminadas é um livro sobre a natureza humana. Sobre como somos pequenos e estamos sujeitos à mudanças repentinas e inesperadas. Sobre como a perda pode significar uma vida inteira de solidão, de dor ou de superação, resiliência, aceitação e resignação. Sobre os clichês da humanidade, suas guerras, seus dilemas, seus vícios, seus amores e terrores. Sobre continuar vivendo mesmo quando a morte soprou seu hálito de sangue e excremento em sua face.

É, também, um retrato da mente cruel, sádica, selvagem que nos recorda do quanto podemos ser perversos. Acredito que todos temos um Harper dentro de nós e que, por vezes, ele se manifesta por meio de palavras, de comentários pejorativos na rede, do desejo insano de agredir alguém, de ver sangue verter. Nossa mente é nossa casa. Precisamos mantê-la sob nosso comando.

Por fim...

Gostaria de convencer o mundo a ler esse livro, mas é querer demais. No entanto, espero que tenha feito um ótimo trabalho em convencer você. Penso que você merece ler essa história, todos merecem ler essa história.

Por Henrique Magalhães

sábado, 26 de abril de 2014

Análise: Em Busca de Wondla, de Tony DiTerlizzi

Se uma criança me disser que leu esse livro, terei que agendar um chá para conversar com ela

“Se você quiser que seus filhos sejam inteligentes, LEIA CONTOS DE FADAS. Se quiser que sejam mais inteligentes, LEIA MAIS CONTOS DE FADAS."—Albert Einstein

Sobre a Obra

Eva Nove é uma garota de 12 anos que vive em um "Santuário" subterrâneo, uma construção a base de tecnologias avançadas, revelando o quanto a civilização humana conseguiu avançar em suas criações e descobertas. Durante 12 anos, Eva jamais subiu a superfície e tudo o que ela conhece a respeito do mundo lá fora é fruto de simulações de realidade avançada e hologramas, além dos ensinamentos que recebe de sua mãe robô, Mater, uma robô programada para educar Eva e cuidar dela como se fosse sua própria filha.

Eva está recebendo treinamentos para sobreviver na superfície quando estiver preparada. Esse é o seu maior sonho: ir à superfície e encontrar, pela primeira vez, um outro ser humano.
Um evento inesperado força Eva a fugir de seu lar, sozinha, e sobreviver em um mundo muito diferente daquele que lhe foi mostrado.

Portando um de seus bens mais preciosos, uma imagem antiga em um papel que traz no verso a palavra WondLa, Eva vai em busca de respostas e acaba encontrado uma infinidade de perguntas, cada vez mais difíceis de responder. Ao mesmo tempo que está sendo caçada sem saber o motivo, Eva encontra terrores e maravilhas que vai fazer o leitor enxergar o mundo real sob um prisma mais "fantástico".

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Análise: Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas?, de Philip K. Dick









  "A palavra é o dejeto do pensamento. Cintila. Cada livro é sangue, é pus, é excremento. É coração retalhado, é nervos fragmentados, é choque elétrico, é sangue coagulado escorrendo como lava fervendo pela montanha abaixo."- C. Lispector

Antes de tudo, duas notas essenciais:

I. É um daqueles livros vivos que, conforme é lido, vai selecionando um apanhado de emoções diretamente da mente do leitor. Feito isso, o livro, com mãos como as de ninguém, guia o leitor à descobertas que colocam diante dele toda sorte de crenças e ideias que ele possui e o leva a questionar a própria essência de sua existência e seu código moral.

II. É um daqueles autores que não podem ser equiparados a outros, que não pode mais ser encontrado e ao qual só podemos recorrer por meio do que deixou quando se foi, que nos leva para o núcleo do ser e do existir.

Sobre a Obra 

Durante o período que ficou conhecido como Guerra Mundial Terminus, uma investida nuclear traz à tona um cenário pós-apocalíptico no qual grande parte da população de seres vivos foram mortalmente afetados pela radiação, restando muito poucos.

Para proteger a raça humana da extinção, a ONU incentiva a emigração para colônias fora do planeta Terra, especificamente para Marte. Para encorajar as pessoas a emigrarem, foram criados os androides-serviçais que estão à disposição dos que decidem emigrar. Com o tempo, por serem feitos de material biológico e serem periodicamente otimizados, os "andros" tornarem-se visivelmente quase indistinguíveis do ser humano e com uma memória assustadoramente "humana".

A maior parte das pessoas que decidiram viver na Terra, mesmo com a constante poeira radioativa que "cai do céu", vivem em cidades desordenadas e decadentes, sempre passíveis de adoecerem pela radiação. Os animais são escassos e, por ser uma atitude socialmente vista como incentivo à empatia e agregadora de status, muitos adquirem animais a altos preços. Aqueles que não podem dispor desse luxo, optam pelos animais sintéticos, bastante verossímeis e consideravelmente baratos, podendo assim manterem um status de fachada.

Na trama principal, temos Rick Deckard, um caçador de androides por recompensa, que precisa capturar 6 androides do modelo Nexus-6, última geração, que como muitos androides fugitivos, estão se passando por seres humanos no planeta Terra. O que deveria ser uma caçada rotineira, se transforma em uma experiência que coloca sua vida em risco e o leva a confrontar-se com questionamentos que ele sequer havia cogitado fazer. Em uma trama secundária, temos John Isidore, um homem considerado "especial" por possuir uma inteligência abaixo do considerado normal, sub-desenvolvida, mas que conseguiu um emprego em uma oficina para concertos de animais sintéticos e leva uma vida solitária, até que um novo e intrigante morador torna-se seu único vizinho.