terça-feira, 11 de março de 2014

Análise: A Escolha dos Três, de Stephen King




Esse livro é encarnação da Fantasia em uma de suas forma mais admiráveis!

Faz algum tempo que li A Escolha dos Três, volume II da série A Torre Negra, do Stephen King. O livro se tornou uma das melhores experiências de leitura e de Fantasia que vivenciei em minha jornada cimo leitor. O cheiro do mar, a adrenalina que escorre de cada página, a originalidade da escrita, a trama viciante, os personagens incomparáveis, todos eles continuam vivos em minha mente, caminhando pela região reservada às melhores lembranças.

Como costumo dizer, A Escolha dos Três é mais que um livro ou uma história, é PODER (!), em uma de suas manifestações mais aterradoras!

Quintessência

Livros tem o poder de tirar você do seu aqui e agora e catapultá-lo para o passado, o presente desconhecido ou para o futuro insondável, mas...

... Os livros de fantasia fazem mais. Eles podem te levar aos átrios dos céus e dos céus dos céus e lhes revelar todo o tesouro escondido além do Universo, além do véu da realidade. Eles podem, tão facilmente quanto, levar-lhes às profundezas do inferno, morada dos mortos, em todos os seus círculos e divisões, mergulhando-o em mares gelados e tão profundos quanto o Hades. Eles podem, tão facilmente, te levar por um armário antigo para as Terras de Nárnia onde o tempo é estranho e a magia existe, para Terra-Média, com todas as suas colinas e montanhas e estradas por onde caminham elfos, onde o bem e o mal são mais que palavras ocas e vazias. Para Eldorado e Asgard, Alagaësia e Rio Alfeu, Telmar, Oz e Babilônia.  E poderia enumerar as miríades de miríades de terras e mundos que se escondem atrás desses livros, mas me deterei aqui.

Para que as viagens a esses mundos sejam desfrutadas ao máximo, é indispensável o uso de uma das nossas mais importantes faculdades: a Imaginação. É preciso não apenas decifrar palavras, conceitos e frases que com eles são construídas, mas usar esse elemento que é o concretizador da fantasia, sem o qual essas histórias seriam apenas textos interessantes e curiosos. É no espaço da Imaginação que nos assombramos com a beleza de anjos e elfos e o terror de ogros e demônios, é esse elemento que nos faz atingir a quintessência da fantasia.

A Imaginação é a chave feita da mistura de ouro e prata, de bronze e ferro, de rubi e cristal, ametista e esmeralda, de pedras brutas e de opala e toda sorte de elementos, que nos permite abandonar o Universo e invadir a Natureza Maior.

Se você fizer uso dela, terá muitas histórias para contar, sonhos para sonhar e poder, poder puro e completo, que a realidade jamais poderá lhe ofertar.

Sobre a Escolha dos Três

+ Bem vindo ao princípio do melhor que o King pode oferecer

Na resenha que fiz do O Pistoleiro, volume I da série, eu salientei:

Para alguns, ler O Pistoleiro é uma tarefa árdua, mas é uma leitura que vale cada gota de suor.

E também:

... é uma leitura complexa...

Um livro de fantasia adulta requer complexidade ao menos em um aspecto: Universo Desconhecido. Isso garante que o autor não vai encher o livro com centenas de parágrafos explicando como as coisas são nesse novo universo, desse modo, temos uma história com personagens que não sabem muito bem como as coisas funcionam e ficam tão estupefatos e confusos quanto o leitor. Também temos personagens que sabem muito ou pouco de como as coisas funcionam, assim dependeremos das descobertas e experiências vividas pelos personagens que sabem nada ou pouco e das alegações e experiências vivenciadas pelos que detêm um conhecimento mais avançado. Culturas, costumes, as leis que regem o mundo em questão, são nos apresentados tal como são e conforme a leitura segue, podemos ir juntando as pontas e nos acostumando com expressões, eventos e todo o resto. É esse fenômeno que o leitor irá encontrar em O Pistoleiro.

Em A Escolha dos Três, superficialmente familiarizados com o mundo do Pistoleiro (ou Roland) e fascinados com o desfecho mais que fenomenal do livro que nos introduz nesse mundo (não muito distinto do nosso), já temos certa bagagem para lidar com algumas questões. A história assume um rumo completamente imprevisível e com muita ação e adrenalina, personagens ÚNICOS (o King deu o melhor que tinha e os personagens por si sós valem toda a leitura) e cenários mais que fodásticos (por falta de expressão melhor).

+ As Portas

Só de lembrar delas, sinto vontade de voltar àquela praia.

Umas das manifestações mais criativas do King como escritor de Horror e Fantasia são As Portas.

Na fantasia, a palavra passagem assume aplicações bastante distintas das que são empregadas na realidade. Passagem deixa de ser um local que conduz para dentro ou fora, para conduzir para O Outro Lado, este último, por sua vez, pode se manifestar em diversas formas, desde ao Passado ou Futuro à um Lugar que pode ser um mundo paralelo, um universo distinto ou muitas outras manifestações. Portas estão intrinsecamente associadas à passagem, por isso, na fantasia, um armário, uma porta, um cômodo da casa, um arco de pedra ou de madeira entre outros, podem assumir um caráter Mágico. Na literatura de fantasia, essas passagens, quando frutos de uma mente criativa, contribuem para despertar no leitor o sentimento de admiração, de fantasia e de poder. O sentimento fantástico.

Em A Escolha dos Três, a função que o King deu a essas portas e a localização delas, acompanhadas pelas descrições, sem dúvida serão um dos momentos mais memoráveis para o leitor.

+ Os Personagens

O livro gira em torno de três personagens centrais, além do Pistoleiro, que vivem em nosso mundo mas nunca se conheceram: Eddie Dean, Odetta Holmes/Detta Walker (são a mesma pessoa), Jack Mort (simplesmente incrível!).

Eddie Dean 
 um viciado em heroína e crescido no Brooklyn, é uma mula do traficante Enrico Balazar e também base de apoio de seu irmão Henry Dean.

Eddie é tão realista quanto os criminosos que são noticiados nas manchetes dos jornais, um personagem que vive uma vida mais que só perigosa. King nos dá a oportunidade de, por meio de Eddie, caminhar nas sarjetas para as quais a droga é capaz de levar um indivíduo e o poderoso e suntuoso mundo do tráfico, com seus chefões e suas armas recheadas de balas.

Esse personagem nos dá a chance única de presenciar eventos que envolvem o primeiro contato de pessoas comuns, como eu e você, com elementos sobrenaturais, estranhos e incontestavelmente fora da realidade a que estamos acostumados. As reações desses indivíduos são as mais realistas e, em termos hipotéticos, mais fidedignas que já li. Acredite, se você descobrisse um lugar como Nárnia, o seu cérebro faria o favor de surtar.

Jack Mort — contador psicopata também conhecido como "O Empurrador", tem como hobby atacar pessoas.

Um dos personagens que eu jamais vou poder esquecer. Jack Mort é uma das criações mais incomuns e realistas do King (além do Jake, no volume I ), diferente de tudo que já vimos, porém tão possível quanto eu, você e o seu vizinho. Os episódios que envolvem esse personagem ficarão para sempre na memória dos leitores.

Odetta Holmes/Detta Walker — uma deficiente física com uma infância traumática. Foi atingida com um tijolo aos cinco anos de idade, e costuma se vingar do opressivo sistema dos brancos ao seu grosso modo. Além disso teve as pernas amputadas em um terrível incidente em uma estação de metrô, dando origem a sua deficiência física.

Dentre todos os outros, Odetta (ou Detta?) é a mais instável e intrigante personagem do livro e, por mais que possa não parecer, a mais fatal. Odetta (ou Detta?) vai surpreender o leitor e fazer cada um ficar com a mente à mil por hora diante de suas possibilidades.

+ Por fim...

... só posso, então, deixar minha indicação: A Escolha dos Três é uma obra de arte incomparável, um trabalho mais que bem feito, uma trama inteligente, personagens únicos, um mundo completamente novo e que deixa brecha para infinitas possibilidades, uma escrita ágil, cenários e eventos vindos de uma mente mestra, com o melhor que a fantasia tem para oferecer.

Por Henrique Magalhães



6 comentários:

  1. Viva,

    Vou dizer maldade mas ainda não tive sorte com o King, li dois livros dele e achei muito descritivos, logo ainda não me cativou.

    Mas esta saga que começou a ser publicada por cá recentemente é sem duvida algo que queria ler do escritor pois parece-me muito boa e tenho lido muitas opiniões positivas.

    Apenas vou aguardar que saia toda por cá, pois é a mesma Editora que publicou a serie a Roda do Tempo do Robert Jordan e ficou pelo livro 4

    Abraço e continua o teu bom trabalho

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    1. Parceiro(a), acredito que vc está se confundindo com as sagas, essa já está concluída desde 2004...

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    2. Gabriel, é que o Paulo (Fiacha) é de Portugal. Acho que isso explica rsrsrs

      Paulo, estou torcendo então para que sejam publicados aí. Uma das piores eventualidade literárias envolve séries não concluídas. Melhor se prevenir mesmo.

      Abraço recebido e abraço enviado!

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    3. Isso mesmo em Portugal está ainda no 1º volume penso....penso que a Cúpula do escritor é que é um livro muito bom, pelo menos têm -me recomendado :)

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  2. Esse é o melhor livro da saga. Idéias incríveis e personagens memoráveis.

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    1. Nem preciso dizer que estou totalmente de acordo.

      Abraço, Gabriel! ;D

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