sábado, 11 de janeiro de 2014

Análise: A Metamorfose [de Franz Kafka]


Acabo de concluir a leitura de A Metamorfose (no original alemão, Die Verwandlung) o 2º livro do meu projeto de leitura, faltando algumas horas para ir trabalhar mas, valerá a pena o atraso. 

Um clássico para ser lido e jamais esquecido. Um livro sobre mim e sobre você.

Sobre a Obra

"Quando Gregor Samsa despertou, certa manhã, de um sonho agitado viu que se transformara, durante o sono, numa espécie monstruosa de inseto."

Uma novela escrita pelo tcheco Kafka, que escreveu suas obras na língua alemã e que é um dos mais influentes escritores da literatura ocidental. Gregor Samsa, um caixeiro-viajante, é o total responsável pelo sustento da família, seus pais e uma irmã. Em uma manhã, ao acordar, Gregor se dá conta de que foi vítima de alguma espécie de metamorfose física e deste instante em diante precisa lidar com essa nova realidade da melhor forma possível. Sua família vê-se em necessidade de sobreviverem por si só, sem mais a ajuda do filho, mas levar a vida adiante vai exigir deles um preparo pelo qual nenhum ser humano estava preparado até então.

A Metamorfose e Sua Aplicação na Vida Real

+ Um mundo de Gregor's

Gregor carrega o fardo de manter abrigados, vestidos, adornados, medicados, servidos e alimentados os membros de sua família, pai, mãe e irmã. Estes dependem integralmente dos esforços de Gregor e por parte deles não há auxílio algum com as despesas da casa, que vão desde os cuidados de uma empregada à indumentárias e joias para festas. Gregor assume essa responsabilidade exercendo uma profissão que ele não aprecia, que exige muito dele e acredita que essa é sua obrigação como filho único de um pai e uma mãe já velhos e uma irmã ainda muito jovem. Em todos os lugares e em todas as áreas da nossa vida podemos nos deparar com Gregor's sociais, homens e mulheres que carregam pesos que deveriam ser divididos. Pessoas grandemente exploradas, das quais se exige mais do que deveriam dar e que não recebem em troca nada senão a própria satisfação em satisfazer. Essa atitude pode ser vista como admirável e louvável, quando na verdade não passa de um sacrifício desnecessário, uma perspectiva errada a respeito do modo como as coisas devem funcionar.
Nós vivemos em um sistema opressivo, que requer de nós constante sacrifício em troca de muito pouco. Horas dedicadas ao serviço, ao emprego, a faculdade, a escola, aos cuidados da casa, acabam nos roubando de nós mesmos, nos sobrecarregando, nos enchendo de responsabilidades e "obrigações" que podem ser melhores administradas. Estamos tentado fazer o que é certo da forma errada, por meios errados, que trarão para nós consequências.
Gregor pode também servir como alerta aos pais, que tem a responsabilidade de mostrar aos filhos que, como seres sociais, temos responsabilidades uns com os outros e que precisamos estar atentos a forma correta de exercermos nossos papeis na sociedade e lutarmos contra o que ferir esses princípios, além de ser uma ensinamento para nós, adultos.

+ Um mundo repleto de Samsa's

Somos tentados pelo conforto eterno. Vejo, por exemplo, essa ideia de um lugar sem problemas, sem preocupações e sem obrigações, como o céu, um reflexo desse desejo que temos de levar uma vida de "mordomia".

A família Samsa nos mostra como esse comportamento de dependência pode se voltar contra nós e nos permite ver em uma perspectiva que abrange o caráter mesquinho e abjeto desse estilo de vida quando Gregor passa pela metamorfose.  Eles se veem em situações extremas, tendo de viverem sem as regalias da dependência e labutarem pela sobrevivência.

+ Dependência e Rejeição

Quando Gregor deixa de ser útil, quando já não é fonte de sustento e se torna uma existência asquerosa, ele precisa lidar com a reação das pessoas, sendo que a reação de seus familiares vem a ser um elemento de maior peso, dado o valor dos mesmos.
Agora eles tem a oportunidade de retribuir por tudo o que Gregor fez por eles. Mas, as reações, ainda que variadas, contém elementos em comum: o medo e o nojo. Gregor agora é um inseto completamente dependente daqueles que foram alvo de seus cuidados.
Quando se habitua à dependência, temos a tendência de rejeitar o objeto de conforto quando ele já não nos é mais útil e até mesmo alimentar raiva e ódio pelo que está em questão.
Precisamos de um espírito independente, sem simbiose, um espírito que faça uso dos elementos para viver sem passar por cima de ninguém, que não se aproveite de situações em troca do sacrifício de outros e que esteja disposto a fazer o que puder para praticarmos a sociedade que há em nós.

+ Problemas imprevisíveis.

Precisamos estar cientes de que na vida, nos depararemos com problemas inimagináveis, para os quais não nos preparamos, e cientes disso, estejamos dispostos a considerar a melhor válvula de escape, a melhor solução, sem que ninguém precise ser prejudicado.

Por Henrique Magalhães

Nenhum comentário:

Postar um comentário